É impressionante, em termos de magnitude e impacto na saúde pública, a atual epidemia de obesidade. No tratamento da obesidade e sobrepeso, as diretrizes atuais recomendam a restrição energética contínua, junto a uma intervenção abrangente no estilo de vida (como a prática de exercícios e terapia comportamental), embora estas abordagens produzam perda de peso modestas, demonstrando também a necessidade de adesão ao tratamento no médio e longo prazo.
Recentemente, aumentou o interesse na identificação de estratégias alternativas de perda de peso na dieta. Estratégias essas que envolvem restringir a ingestão de energia a certos períodos do dia, ou prolongar o intervalo de jejum entre as refeições (ou seja, restrição energética intermitente ou jejum intermitente).
Essas estratégias incluem jejum intermitente (restrição de energia em 2-3 dias por semana, ou em dias alternados), alimentação com restrição de tempo (limitar o período diário de ingestão de alimentos a 8h-10h, ou menos, na maioria dos dias da semana) ou realizar uma restrição calórica distribuída nas refeições ao longo do dia (como comer de 3 em 3 horas com restrição nas calorias).
Estudos sugerem que a restrição calórica afeta os parâmetros metabólicos de forma positiva, o que pode ajudar especialmente os pacientes pré-diabéticos e resistentes à insulina, sem qualquer abordagem farmacológica. Além disso, o jejum intermitente sem restrição calórica pode melhorar a saúde e a resistência celular à doença, sem perder peso. Esses efeitos podem ser atribuídos a diferentes vias de sinalização e cetonas circulantes durante o jejum. As mudanças observadas durante o jejum intermitente são provavelmente devido às mudanças no padrão de alimentação e sono e, portanto, mudanças no ritmo metabólico.
No geral, a evidência disponível sugere que os paradigmas da restrição calórica intermitente produzem perda de peso equivalente quando comparados a restrição calórica contínua, não mostrando diferenças entre perda de peso ou perda de gordura corporal.
Independente do protocolo utilizado, o norte para perder peso ou gordura corporal se dá pela restrição calórica, a despeito da forma com que ela é aplicada.
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Referências:
1- Rynders, Corey A., et al. “Effectiveness of intermittent fasting and time-restricted feeding compared to continuous energy restriction for weight loss.” Nutrients 11.10 (2019): 2442.
2- Ogden, C.L.; Carroll, M.D.; Kit, B.K.; Flegal, K.M. Prevalence of childhood and adult obesity in the United States, 2011–2012. JAMA 2014, 311, 806–814
3- Jensen, M.D.; Ryan, D.H.; Apovian, C.M.; Ard, J.D.; Comuzzie, A.G.; Donato, K.A.; Hu, F.B.; Hubbard, V.S.;
Jakicic, J.M.; Kushner, R.F.; et al. 2013 AHA/ACC/TOS guideline for the management of overweight and obesity in adults: A report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and The Obesity Society. Circulation 2014, 129, S102–S138
4- Aksungar, Fehime Benli, et al. “Comparison of intermittent fasting versus caloric restriction in obese subjects: a two year follow-up.” The journal of nutrition, health & aging 21.6 (2017): 681-685.