Preferência alimentar, o início de tudo!

O desenvolvimento das preferências alimentares começa desde a concepção e continua ao longo do curso da vida. Esse desenvolvimento envolve uma interação complexa de tendências biológicas e influências ambientais.

Uma revisão compilou pesquisas de várias disciplinas para fornecer uma visão abrangente dos fatores que contribuem para o desenvolvimento de preferências alimentares durante os períodos pré-natal, neonatal, infância e primeira infância.

Os dados disponíveis sugerem que os bebês nascem “programados” para preferir sabores que sinalizam nutrientes benéficos (por exemplo, sabores doces sinalizam calorias) e para rejeitar sabores que sinalizam compostos prejudiciais (por exemplo, sabores amargos sinalizam veneno). Bebês e crianças pequenas mostram considerável plasticidade nas preferências, permitindo-lhes aceitar e aprender a preferir os alimentos que estão disponíveis em seu ambiente cultural e culinária particular.

A capacidade de sentir sabores pós-natais começa no útero com o desenvolvimento dos sistemas gustativo e olfativo. Esses sistemas estão funcionalmente maduros e atingem a forma adulta ao final da gestação. A presença de sistemas gustativos e olfativos no útero fornece a oportunidade para o aprendizado sensorial precoce, que é teorizado para preparar o feto para as experiências pós-natais. Tanto o desenvolvimento morfológico quanto o funcional das células gustativas começam no primeiro trimestre.

Embora muito do desenvolvimento da preferência alimentar ocorra durante a primeira infância, as preferências alimentares continuam a mudar durante a adolescência e a idade adulta. Os fatores que influenciam essa mudança tornam-se mais complexos à medida que o indivíduo amadurece. As preferências alimentares dos adultos estão associadas à idade, sexo, estado de saúde, educação e renda, e sua busca por alimentos saudáveis aumenta conforme a idade também aumenta.

Além disso, a idade avançada traz considerações adicionais para preferências de sabor e comida, já que adultos mais velhos muitas vezes experimentam declínio no sabor normal ou sensibilidade do cheiro, os quais podem ser atribuídos ao envelhecimento normal (por exemplo, redução no número de papilas gustativas) ou a certos estados de doença (como doença de Alzheimer, medicamentos ou intervenções cirúrgicas).

As preferências e aversões exclusivas de cada indivíduo são baseadas em tendências biológicas predispostas, mas são posteriormente cultivadas e modificadas por meio da aprendizagem experiencial. Os dados disponíveis sugerem que as crianças pequenas são biologicamente preparadas para preferir e consumir alimentos doces, salgados e saborosos, bem como sabores combinados com densidade de energia.

Felizmente, as preferências são mapeáveis e moldadas em resposta a uma série de questões sociais e ambientais. As preferências são um forte impulsionador da ingestão alimentar em crianças e adultos. Portanto, a compreensão desses fatores é uma base essencial para a compreensão de como as preferências podem ser modificadas para melhor promover dietas saudáveis ao longo da vida.

 

Referências:
1- Birch, L.L. (1998). Development of eating behaviors among children and adolescents. Pediatrics 101, 539–549
2- Rollins, B.Y., Loken, E., and Birch, L.L. (2010). Stability and change in snack
food likes and dislikes from 5 to 11 years. Appetite 55, 371–373.
3- Nicklaus, S., Boggio, V., Chabanet, C., and Issanchou, S. (2004). A prospective study of food preferences in childhood. Food Qual. Pref. 15, 805–818.
4- Krondl, M. (1990). Conceptual models. In Diet and Behavior: Multidisciplinary Approaches, G.H. Anderson, ed. (New York: Springer Verlag), pp. 5–15.
5- Ventura, Alison K., and John Worobey. “Early influences on the development of food preferences.” Current biology 23.9 (2013): R401-R408.

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