Compostos bioativos para a saúde da pele – Parte 2

Dando continuidade à nossa postagem sobre compostos bioativos para a saúde da pele, os minerais, junto com as vitaminas, são micronutrientes essenciais para a saúde da pele. A deficiência desses microelementos tem um efeito adverso no desenvolvimento humano e na saúde, incluindo o funcionamento e a aparência da pele.

Selênio:

O selênio desempenha um papel como parte da estrutura das proteínas enzimáticas. É também um elemento de três famílias de enzimas: glutationa peroxidase, tioredoxina redutase e iodotironina desiodase. O selênio exibe fortes propriedades antioxidantes e protege contra danos ao DNA.

Esse mineral também é importante para o funcionamento da pele, tendo um efeito protetor e a capacidade de eliminar os radicais livres. Ao estimular a atividade de enzimas antioxidantes dependentes de selênio, como a glutationa peroxidase e a tioredoxina redutase, o selênio protege a pele contra o estresse oxidativo induzido pela radiação UV.

Zinco:

O Zinco é essencial para a divisão e diferenciação de novas células e desempenha um papel na apoptose e no envelhecimento do corpo. Ele influencia a estrutura e o funcionamento adequado da pele e das membranas mucosas, além de estabilizar as membranas das células da pele e participar da mitose e diferenciação das células basais, ao mesmo tempo que desempenha um papel crucial na sobrevivência dos queratinócitos. A proteína ZIP2, um transportador de zinco, é essencial para a diferenciação dos queratinócitos.

O zinco também afeta a função imunológica da pele, modulando as funções de macrófagos e neutrófilos, a atividade fagocítica e várias citocinas inflamatórias. Desempenha um papel importante na prevenção de danos induzidos pela radiação UV, influencia o metabolismo do colágeno, exibe propriedades antiandrogênicas por meio da modulação da atividade da 5α-redutase tipo 1 e 2 e também promove a lipogênese e o transporte de glicose por meio de efeitos semelhantes à insulina em fibroblastos e adipócitos.

Cobre:

O cobre também é importante para o estado geral da pele. Atua estimulando a proliferação de fibroblastos dérmicos e está envolvido na síntese e estabilização de proteínas da pele da matriz extracelular e na angiogênese. É um cofator da superóxido dismutase (SOD), uma enzima envolvida na proteção da pele contra os efeitos nocivos dos radicais livres, além de prevenir danos oxidativos às membranas celulares e peroxidação lipídica.

A deficiência de cobre reduz a atividade da enzima superóxido dismutase e ceruloplasmina, bem como de enzimas como catalase e glutationa peroxidase. O cobre também promove a função dos eliminadores de radicais livres, como a metalotioneína e a glutationa.

Silício:

O silício está presente em todos os tecidos saudáveis do corpo humano, incluindo os tecidos conjuntivos, ossos, fígado, coração, músculos, rins, pulmões e também está presente na pele, cabelo e unhas. A quantidade de silício nos tecidos diminui com a idade, provavelmente porque o órgão responsável pela absorção do silício é o timo, que sofre atrofia com o passar da idade.

O silício orgânico desempenha um papel importante na estrutura da pele, promove a neocolagênese, fortalece o tecido conjuntivo e reduz o risco de alopecia. O ácido ortosilícico estimula os fibroblastos a secretar colágeno do tipo I. O silício também promove a síntese de elastina e glicosaminoglicanos, ajuda a preservar a elasticidade dos vasos sanguíneos e aumenta a resistência e a espessura das fibras das unhas e cabelos.

Polifenóis:

Os polifenóis são considerados substâncias importantes para o funcionamento da pele, com efeitos hidratantes, suavizantes, calmantes e adstringentes. Os polifenóis inibem a atividade das enzimas presentes na pele, como colagenase e elastase, que catalisam a hidrólise das fibras de colágeno e elastina, e hialuronidase, que degrada o ácido hialurônico. Além disso, acalmam a irritação e reduzem a vermelhidão da pele, acelerando a regeneração natural da epiderme, estabilizando os capilares, melhorando a microcirculação e a elasticidade da pele e protegendo contra fatores externos nocivos, incluindo a radiação UV.

As propriedades antioxidantes dos polifenóis resultam na eliminação de radicais por meio de reações diretas, eliminação ou redução de radicais livres (por exemplo, radicais hidroxila, superóxido, peróxido e álcool) para compostos com menor potencial reativo.

Os polifenóis também podem quelar cátions de metais de transição (por exemplo, Cu2+ e Fe2+), evitando assim as reações de Haber-Weiss e Fenton (que levam à geração do radical hidroxila extremamente reativo) e também inibindo a atividade de muitas enzimas envolvidas na geração de radicais livres (por exemplo, xantina oxidase). Sua atividade também envolve a estimulação e proteção de outros antioxidantes, como ascorbato no citosol ou tocoferol nas membranas biológicas.

Carotenoides:

O conteúdo de carotenoides encontrado na pele humana pode variar, sendo identificado em concentrações mais altas em locais com maior produção de suor e glândulas sebáceas, como por exemplo, a testa e mãos.

Os carotenoides previnem o envelhecimento, estimulam os fibroblastos a produzir colágeno e elastina, inibem a atividade das metaloproteinases de matriz e exibem efeitos anti-inflamatórios e de filtragem de UV. Também parecem melhorar a elasticidade, hidratação e textura da pele, reduzir a perda de água transepidérmica, iluminar a pele, reduzir a descoloração e retardar os sinais de fotoenvelhecimento.

A maneira mais eficaz de melhorar a condição da pele é fornecer nutrientes essenciais por meio de uma dieta variada. Um crescente corpo de pesquisas sugere que uma dieta bem balanceada afeta significativamente seu processo de envelhecimento e mais investigações são necessárias para continuar a elucidar o papel dos compostos bioativos na saúde da pele.

 

Referências:

1) Masaki, H. Role of antioxidants in the skin: Anti-aging effects. J. Dermatol. Sci. 2010, 58, 85–90;
2) Boelsma, E.; van de Vijver, L.P.L.; Goldbohm, R.A.; Klöpping-Ketelaars, I.A.A.; Hendriks, H.F.J.; Roza, L. Human skin condition and its associations with nutrient concentrations in serum and diet. Am. J. Clin. Nutr. 2003, 77, 348–355;
3) Cao, C.; Xiao, Z.; Wu, Y.; Ge, C. Diet and skin aging—from the perspective of food nutrition. Nutrients 2020, 12, 870;
4) Michalak, Monika, et al. “Bioactive compounds for skin health: A review.” Nutrients 13.1 (2021): 203.

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