DRIs

DRIs

As Dietary Reference Intakes (DRIs) referem-se aos valores de nutrientes e energia, que foram revisados, tendo como base publicações que datam desde 1997, na forma de relatórios parciais elaborados por comitês de especialistas, organizados por uma parceria entre o Institute of Medicine (IOM) e a agência Health Canada (HC).

São constituídas por um conjunto de publicações que apresentam um novo sistema de aplicação das quatro categorias de valores de referência para avaliação e planejamento de consumo, rotulagem e fortificação de alimentos, além de determinarem a quantidade de nutrientes e energia que devem ser usados no planejamento de dietas saudáveis.

Como elas foram elaboradas por comitês internacionais, as DRIs foram criadas como valores de referência voltados para a população do Canadá e dos Estados Unidos, substituindo as antigas Recommended Dietary Allowances (RDAs) e Recommended Nutrient Intakes (RNIs).

Em outras palavras, as DRIs são um conjunto de diretrizes nutricionais desenvolvidas pelo IOM, criadas com o objetivo de fornecer orientações abrangentes sobre a ingestão adequada de nutrientes para diferentes grupos populacionais, incluindo crianças, adultos, gestantes e idosos, levando em consideração fatores como idade, sexo, estado fisiológico e níveis de atividade física.

Os valores de referência que constituem as DRIs incluem a: Estimated Average Requirement (EAR), Recommended Dietary Allowance (RDA), Adequate Intake (AI) e Tolerable Upper Intake Level (UL). Estes valores foram desenvolvidos para estabelecer recomendações para vitaminas, minerais, macronutrientes e energia.

Estimated Average Requirement (EAR; Necessidade Média Estimada)

A EAR refere-se à quantidade mediana estimada de ingestão diária de nutrientes que atendem às necessidades de metade da população em um determinado estágio da vida e grupo de gênero.

Portanto, a EAR ultrapassa as necessidades para metade da população e fica em déficit na outra metade. Desta forma, é útil para avaliar adequação e planejamento da ingestão de nutrientes para grupos, não sendo a melhor para estipular a ingestão diária de indivíduos.

Recommended Dietary Allowance (RDA; Ingestão Dietética Recomendada)

A RDA é derivada da EAR, sendo considerada como o nível médio de ingestão diária suficiente para atender às necessidades de um nutriente de praticamente todos os indivíduos saudáveis, chegando a 97 a 98% de atingimento.

Assim, caso este valor exceda os valores diários ingeridos, há maior chance de que as necessidades nutricionais, tanto de indivíduos quanto de populações, estejam sendo atendidas.

A RDA é usada como base para avaliar qual a meta de ingestão para a população em geral e ajudam, assim, a prevenir possíveis deficiências nutricionais.

Adequate Intake (AI; Ingestão Adequada)

A AI determina o nível médio de ingestão diária recomendada, baseada em dados experimentais ou estimados, através da ingestão de nutrientes de grupos de indivíduos saudáveis. Estes valores são utilizados quando dados científicos são limitados para estabelecer uma RDA, estipulando assim, os valores de AI.

Vale ressaltar que a AI possui menos evidências para ser estabelecida e, portanto, são necessárias mais pesquisas para determinar a ingestão adequada com um grau maior de confiança. É esperado que este valor atenda ou exceda a necessidade da maior parte dos indivíduos.

Tolerable Upper Intake Level (UL; Limite Superior Tolerável de Ingestão)

A UL refere-se ao nível máximo de ingestão média diária de nutrientes, que provavelmente não apresentaria riscos de efeitos adversos à saúde para quase todas as pessoas de uma determinada população de mesmo sexo e estágio da vida. Conforme a ingestão ultrapassa a UL, o risco de efeitos adversos pode aumentar.

Assim, eles são utilizados como parâmetros para evitar a ingestão excessiva de nutrientes, que podem prejudicar a saúde do indivíduo.

Conforme houve um aumento da fortificação de alimentos com nutrientes e o uso de suplementos alimentares por mais indivíduos sem indicação, tornou-se necessário estabelecer o nível máximo seguro para ingestão de nutrientes.

Os valores de UL referem-se também ao uso diário crônico, sendo considerada a ingestão total do nutriente (por exemplo, ingestão a partir de água, alimentos e suplementos) ou de apenas uma determinada fonte, caso o efeito adverso esteja associado apenas a esta fonte.

Vale ressaltar que, apesar de não haver dados suficientes para estabelecer UL de determinados nutrientes, isto não significa a ausência de risco ao ingerir quantidades excessivas, mas sim a necessidade de cuidado.

Além desses valores de referência, as DRIs também incluem outras medidas, como a Estimated Energy Requirement (EER) que estima a quantidade média de energia necessária para manter o equilíbrio energético em diferentes grupos populacionais, e as Acceptable Macronutrient Distribution Ranges (AMDRs; Faixas Aceitáveis de Distribuição de Macronutrientes).

A (AMDR) é um componente importante das DRIs que se refere à faixa de distribuição de macronutrientes recomendada na dieta. Ela estabelece a proporção de calorias que devem ser provenientes de cada macronutriente: carboidratos, gorduras e proteínas.

As recomendações da AMDR são as seguintes:

  • Carboidratos: 55-65% das calorias totais diárias.
  • Gorduras: 20-35% das calorias totais diárias.
  • Proteínas: 10-35% das calorias totais diárias.

A AMDR é baseada em evidências científicas e considera os efeitos dos macronutrientes na saúde, levando em conta a ingestão adequada de nutrientes, a prevenção de doenças crônicas e a promoção do bem-estar geral. Ela consegue fornecer também uma diretriz importante para a composição da dieta. As recomendações da AMDR ajudam a garantir um equilíbrio adequado de nutrientes na alimentação, evitando deficiências ou excessos.

Uma distribuição adequada dos macronutrientes é essencial para atender às necessidades nutricionais, fornecer energia, promover o crescimento e desenvolvimento adequados, manter a saúde do sistema imunológico e auxiliar em processos metabólicos.

Assim, ela pode ser uma ferramenta prática para orientar a seleção e a proporção de alimentos nas dietas de seus pacientes. Ela ajuda a personalizar as recomendações nutricionais de acordo com as necessidades individuais, levando em consideração fatores como idade, sexo, níveis de atividade física, condições de saúde e objetivos específicos.

No entanto, é importante ressaltar que as necessidades nutricionais podem variar de pessoa para pessoa, e a orientação individualizada de um profissional de saúde qualificado é fundamental para garantir uma dieta equilibrada e adequada às necessidades específicas de cada indivíduo.

As DRIs são fundamentais para a prática clínica do nutricionista, pois fornecem um padrão de referência para avaliar e planejar dietas individualizadas. Os nutricionistas podem utilizar as DRIs para avaliar a ingestão de nutrientes de seus pacientes e identificar possíveis deficiências ou excessos. Além disso, as DRIs fornecem diretrizes específicas para a prevenção de doenças crônicas relacionadas à alimentação, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Essas diretrizes ajudam os nutricionistas a orientar seus pacientes na adoção de hábitos alimentares saudáveis e a recomendar a suplementação nutricional quando necessário.

Em resumo, as DRIs foram criadas para estabelecer recomendações nutricionais baseadas em evidências científicas, considerando as necessidades específicas de diferentes grupos populacionais. Elas são uma ferramenta essencial para a prática clínica do nutricionista, fornecendo diretrizes para avaliação, planejamento e intervenção dietética, ajudando a promover a saúde e prevenir doenças relacionadas à alimentação.

Referências:

  1. Institute of Medicine. 2006. Dietary Reference Intakes: The Essential Guide to Nutrient Requirements. Washington, DC: The National Academies Press. Dietary Reference Intakes: The Essential Guide to Nutrient Requirements
  2. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos nutricionais. Campinas: Revista de Nutrição, v. 19, n. 6, dez. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rn/a/YPLSxWFtJFR8bbGvBgGzdcM/?format=pdf&lang=pt.
  3. Institute of Medicine (US) Subcommittee on Interpretation and Uses of Dietary Reference Intakes; Institute of Medicine (US) Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes. DRI Dietary Reference Intakes: Applications in Dietary Assessment. Washington (DC): National Academies Press (US); 2000. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK222890/ doi: 10.17226/9956
  4. Wolfe RR, Cifelli AM, Kostas G, Kim IY. Optimizing Protein Intake in Adults: Interpretation and Application of the Recommended Dietary Allowance Compared with the Acceptable Macronutrient Distribution Range. Adv Nutr. 2017 Mar 15;8(2):266-275. doi: 10.3945/an.116.013821. PMID: 28298271; PMCID: PMC5347101.

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