Compostos bioativos para a saúde da pele – Parte 1

A pele é o maior órgão do corpo humano e é composta pela epiderme, que consiste em tecido epitelial, e derme, que consiste em tecido conjuntivo.

Uma das preocupações dermatológicas e cosméticas mais comuns é o envelhecimento da pele, um processo natural e complexo influenciado por dois mecanismos: envelhecimento intrínseco (genético, cronológico) resultante da passagem do tempo, e envelhecimento extrínseco (fotoenvelhecimento), causado por fatores ambientais, incluindo radiação UV, poluição ambiental e fumaça de cigarro.

Os dois processos se sobrepõem e estão intimamente ligados ao aumento de espécies reativas de oxigênio (EROs) e estresse oxidativo na pele. Ambos estão associados a distúrbios bioquímicos (por exemplo, a formação excessiva de radicais de oxigênio levando a danos nas proteínas e no DNA), bem como alterações nas propriedades físicas, morfológicas e fisiológicas da epiderme e da derme.

Muitos autores enfatizam a relação entre uma dieta balanceada com aparência e o funcionamento da pele, sendo extremamente importante a ingestão de nutrientes essenciais na alimentação diária para os processos biológicos que ocorrem na pele jovem e envelhecida.

Um artigo publicado neste ano (2021) chamou a atenção para as substâncias bioativas, ou seja, vitaminas, minerais, ácidos graxos, polifenóis e carotenoides, e revisou a literatura a fim de investigar os efeitos dessas substâncias nos parâmetros da pele como elasticidade, firmeza, rugas, ressecamento provocado pelo envelhecimento, hidratação e cor.

Vitamina A:

A vitamina A e todos os seus derivados têm uma influência significativa na saúde da pele. Os retinóides são um grupo de compostos químicos que inibem a divisão celular durante a proliferação excessiva e a ativam quando o processo é muito lento. Eles desempenham um papel ativo na produção de proteínas, metabolismo celular e divisão celular.

Os retinóides também afetam a espessura e a cor da pele, regulam a função das glândulas sebáceas e limitam a produção de sebo, além de serem responsáveis pelo crescimento de cabelos e unhas, influenciando também a distribuição da melanina na pele. Os efeitos anti-envelhecimento dos retinóides são mediados por três tipos principais de células da pele: queratinócitos epidérmicos, células endoteliais dérmicas e fibroblastos.

Os retinóides e todas as formas biologicamente ativas de vitamina A também promovem a remodelação das fibras reticulares e a síntese de uma nova rede capilar na derme. Este processo influencia o estado do tecido conjuntivo da derme, melhorando sua firmeza, hidratação e elasticidade. Os retinóides protegem o colágeno contra a destruição induzida por metaloproteinases de matriz, além de aumentar a síntese de inibidores teciduais de metaloproteinases.

Vitamina C:

A vitamina C promove a formação da barreira epidérmica e do colágeno na derme, protege contra a oxidação da pele, ajuda a neutralizar o envelhecimento da pele e desempenha um papel nas vias de sinalização de crescimento e diferenciação celular, que estão ligadas à ocorrência de várias doenças de pele.

Esta vitamina também demonstrou aumentar a diferenciação dos queratinócitos, reduzir o estresse oxidativo dependente da diferenciação e manter a integridade da barreira da pele, o que por sua vez, ajuda a prevenir a perda de água.

Numerosos artigos científicos enfatizam o potencial da vitamina C para o tratamento de doenças, como porfiria cutânea tardia, dermatite atópica, melanoma maligno, herpes zoster e neuralgia pós-herpética, bem como, a aplicação clínica desta vitamina no tratamento de outras doenças de pele, como acne, cicatrizes de acne, dermatite alérgica de contato, herpes genital e vitiligo.

Vitamina E:

A vitamina E desempenha um papel importante na manutenção da saúde da pele e é usada há mais de 50 anos na dermatologia. A função fisiológica mais provável da vitamina E epidérmica é contribuir para as defesas antioxidantes da pele e proteger a epiderme e a derme contra o estresse oxidativo induzido por fatores ambientais.

Algumas pesquisas também indicam que a vitamina E apresenta fortes propriedades fotoprotetoras, hidratantes e antienvelhecimento, além de melhorar a elasticidade, firmeza, estrutura e maciez da epiderme e derme.

 

Referências:

1) Masaki, H. Role of antioxidants in the skin: Anti-aging effects. J. Dermatol. Sci. 2010, 58, 85–90;
2) Boelsma, E.; van de Vijver, L.P.L.; Goldbohm, R.A.; Klöpping-Ketelaars, I.A.A.; Hendriks, H.F.J.; Roza, L. Human skin condition and its associations with nutrient concentrations in serum and diet. Am. J. Clin. Nutr. 2003, 77, 348–355;
3) Cao, C.; Xiao, Z.; Wu, Y.; Ge, C. Diet and skin aging—from the perspective of food nutrition. Nutrients 2020, 12, 870;
4) Michalak, Monika, et al. “Bioactive compounds for skin health: A review.” Nutrients 13.1 (2021): 203.

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