Um guia sobre a Antropometria

um guia sobre antropometria

A antropometria surge na clínica como um método alternativo de avaliação da composição corporal, isso porque os métodos diretos (dissecação de cadáveres) são inviáveis e os indiretos (calorimetrias) têm alto custo.

Dessa forma, a antropometria se encaixa como um método duplamente indireto, assim como o ultrassom e a bioimpedância, e apresenta algumas características, como: baixo custo operacional, alta aplicabilidade, velocidade de aplicação e ainda assim com boa validação, desde que bem executados. Os métodos duplamente indiretos se baseiam em equações de regressão para a predição de variáveis associadas a esse procedimento.

A antropometria parece ser a mais acessível no campo da nutrição, sendo importante para o entendimento do estado geral da saúde do paciente. Tem a vantagem de poder ser realizada em qualquer indivíduo, independentemente do estado de saúde e da idade, claro que com as adaptações necessárias. A partir de medidas simples como perímetros/circunferências, dobras cutâneas, estatura, massa corporal, além de diâmetros ósseos é possível fazer uso de diversas ferramentas de predição.

Vários índices corporais obtidos através dos perímetros são utilizados para avaliação de risco à saúde.

Um dos mais aplicados em antropometria é o índice de massa corporal (IMC), que estima o estado nutricional, utilizando a relação da massa corporal e estatura. É uma medida muito utilizada para estudos epidemiológicos, pois se em um grupo populacional há elevação do IMC, há indicação que isso ocorra pelo excesso de peso em muitos indivíduos. Entretanto, a aplicação do IMC na prática clínica pode gerar algumas distorções, por isso a importância da avaliação da composição corporal.

Os perímetros são amplamente utilizados para verificar o progresso do paciente seja, por exemplo, na redução da circunferência de cintura no excesso de peso ou no aumento da circunferência de braço no ganho de massa muscular.

A medida de espessura das dobras cutâneas é um dos meios práticos para avaliação da composição corporal, visto que 50 a 70% da gordura é localizada de forma subcutânea.

A utilização das dobras cutâneas pode ser empregada por meio de seu valor absoluto para identificar a topografia da gordura, isto é, como a gordura se distribui pelo corpo, ou pelo somatório de dobras. Além disso, os valores gerados também podem ser aplicados em equações preditivas, que permitem a avaliação do percentual de gordura.

Em relação as equações preditivas existem aquelas que foram realizadas de forma generalizada, em grandes grupos populacionais, e aquelas que são mais específicas, que foram produzidas em populações específicas.

A equação de Durnin & Womersley (1974) tende a superestimar a quantidade de gordura corporal, como demostrado em vários estudos.

A equação de Faulkner (1968), mesmo sendo muito citada em artigos científicos e aplicada a nadadores, é uma equação que nunca foi publicada e, portanto, não validada. Algumas publicações já realizadas demonstram esse erro como a de Pires Neto & Glaner (2007).

Guedes (1985) estudou uma população de homens e mulheres de 17 a 27 anos do sul do Brasil ativos fisicamente.

Jackson & Pollock (1978/80) é uma equação generalista, realizada com indivíduos de 18 a 61 anos, de diferentes etnias e níveis de atividade física, no qual propuseram o método de 3 ou 7 dobras para estimar a densidade corporal e utiliza a idade como uma variável. Essas fórmulas de predições citadas fornecem a densidade corporal e as equações de Siri (1961) e Brozek (1963) são usadas para conversão da densidade corporal em percentual de gordura.

As medidas de diâmetros ósseos entram como um complemento da composição corporal, já que a partir delas se consegue predizer a massa óssea, e também, a massa muscular em conjunto com o cálculo de massa residual.

A escolha do equipamento também é importante. Preço não é sinônimo de qualidade. Os importados, em geral, são sempre mais caros. Entretanto, existem equipamentos nacionais de boa qualidade, validade e devidamente registrados pela ANVISA. Vale ressaltar, que por serem equipamentos da área da saúde, os adipômetros requerem registro da ANVISA para que sejam comercializados e usados.

Para se ter um resultado satisfatório com a antropometria é necessário mais do que tudo, treinamento constante, só assim o profissional irá ter maior garantia de precisão e, portanto, estimação da composição corporal.

Dessa forma, o uso desses três tipos de medidas antropométricas são mais que suficientes para o acompanhamento da composição corporal do paciente.

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REFERÊNCIAS:
1) Brozek J; Grande F; Anderson JT; Keys A. Densitometric analysis of body composition: revision of some quantitative assumptions. Annals of the New York Academy of Sciences, v.110, p.113-40, 1963

2) Durnin JV, Womersley J. Body fat assessed from body density and its estimation from skinfold thickness: measurements on 481 men and women aged from 16 to 72 years. Br J Nutr 1974;32:77-97

3) Guedes DP. Estudo da gordura corporal através da mensuração dos valores de densidade corporal e espessura de dobras cutâneas em universitários. [Dissertação de Mestrado]. Santa Maria (RS), Universidade Federal de Santa Maria. Kinesis. 1985;1(2):183-212.

4) Jackson AS, Pollock ML, Ward A. Generalized equations for predicting body density of women. Med Sci Sports Exerc 1980;12:175-82.

5) Jackson AS, Pollock ML. Practical Assessment of Body Composition. Phys Sportsmed. 1985;13(5):76-90. doi:10.1080/00913847.1985.11708790

6) Manual de Antropometria, Costa R., WebDiet, 23:59, cursos completos WebDiet (Disponível em: webdiet.com.br), Acesso em: 11 de abril de 2022.

7) Oliveira AM, Tavares AMV, Bosco SMD. Nutrição e Atividade Física: do adulto saudável às doenças crônicas. Atheneu: São Paulo, 2015.

8) Pires Neto CS, Glaner MF. “Equação de Faulkner” para predizer a gordura corporal: o fim de um mito. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. 2007;9(2):207-213.

9) Siri WE. Body composition from fluid spaces and density: analysis of methods. 1961. Nutrition. 1993;9(5):480-492.

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