Horário da alimentação faz diferença?

Uma alimentação adequada é essencial para uma boa saúde, como bem sabemos, a hora das refeições também deve ser considerado? Por isso, hoje vamos trazer a pergunta: o horário da alimentação faz diferença?

O sistema circadiano organiza o metabolismo em ciclos diários de 24h em resposta à ritmos claro/escuro. Esse sistema consiste em um relógio central (localizado no núcleo supraquiasmático do hipotálamo), e em uma série de relógios periféricos (localizados em diferentes órgãos do corpo).

Os relógios periféricos são influenciados por sinalizações do relógio central, mas também por fatores externos, sendo o momento da ingestão dos alimentos o principal deles. Com base nisso, estudos mostram que o horário da alimentação pode influenciar o ciclo circadiano e a saúde.

Em relação ao metabolismo da glicose, por exemplo, existe uma variação na tolerância à glicose ao longo de um dia, com picos pela manhã e piora na parte da tarde e à noite. Nesse contexto, a redução da carga glicêmica à noite para indivíduos que apresentam tolerância a glicose diminuída é uma estratégia nutricional que pode ser considerada com objetivo de melhorar o controle glicêmico. Por outro lado, a preferência pelo consumo de carboidratos pela manhã, em detrimento do consumo de gorduras, foi associada a proteção contra o desenvolvimento de diabetes e síndrome metabólica.

No entanto, em contextos específicos, a oferta de carboidrato à noite pode ser interessante. Por exemplo, é uma boa estratégia para indivíduos que praticam treino de força pela manhã e precisam estar com estoque de glicogênio repleto.

A alimentação tarde da noite/madrugada também não é recomendada, pois induz menor saciedade e maior ingestão calórica no dia seguinte, menor controle glicêmico e diminuição da velocidade de esvaziamento gástrico.

Um estudo com mais de 26 mil homens em idades entre 45 e 82 anos revelou que homens que tiveram o hábito de comer tarde da noite apresentaram 55% mais chance de desenvolver doenças cardiovasculares em comparação com um jantar mais cedo. Além disso, os homens que pularam o café da manhã tinham um risco 27% maior de desenvolver doença coronariana se comparados com homens que mantiveram o consumo do café da manhã. No entanto, cabe considerar que o estudo descrito é observacional e, portanto, possui limitações metodológicas intrínsecas e não revela causalidade.

Além disso, uma outra estratégia para controle glicêmico consiste na modificação da ordem de ingestão dos alimentos. Em um estudo, o consumo de vegetais, seguido de carne e, finalmente, da fonte de carboidrato, foi a melhor sequência para atenuar a resposta glicêmica sem aumentar a demanda por insulina em adultos saudáveis.

Referências:
1) Poggiogalle E, Jamshed H, Peterson CM. Circadian regulation of glucose, lipid, and energy metabolism in humans. Metabolism. 2018 Jul;84:11-27. doi: 10.1016/j.metabol.2017.11.017. Epub 2018 Jan 9. PMID: 29195759; PMCID: PMC5995632.
2) Kessler K, Hornemann S, Petzke KJ, Kemper M, Kramer A, Pfeiffer AF, Pivovarova O, Rudovich N. The effect of diurnal distribution of carbohydrates and fat on glycaemic control in humans: a randomized controlled trial. Sci Rep. 2017 Mar 8;7:44170. doi: 10.1038/srep44170. PMID: 28272464; PMCID: PMC5341154.
3) Kinsey AW, Ormsbee MJ. The health impact of nighttime eating: old and new perspectives. Nutrients. 2015 Apr 9;7(4):2648-62. doi: 10.3390/nu7042648. PMID: 25859885; PMCID: PMC4425165.
4) Frank S, Gonzalez K, Lee-Ang L, Young MC, Tamez M, Mattei J. Diet and Sleep Physiology: Public Health and Clinical Implications. Front Neurol. 2017 Aug 11;8:393. doi: 10.3389/fneur.2017.00393. PMID: 28848491; PMCID: PMC5554513.
5) Paoli A, Tinsley G, Bianco A, Moro T. The Influence of Meal Frequency and Timing on Health in Humans: The Role of Fasting. Nutrients. 2019 Mar 28;11(4):719. doi: 10.3390/nu11040719. PMID: 30925707; PMCID: PMC6520689.

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