A história do milho remonta a milhares de anos e está profundamente entrelaçada com a história da humanidade. Originário da região da Mesoamérica, onde hoje se encontram o México e a América Central, o milho foi cultivado pelos povos indígenas há cerca de 10.000 anos. Acredita-se que eles tenham selecionado cuidadosamente variedades de plantas com características desejáveis, como grãos maiores e mais nutritivos, criando assim a planta que conhecemos hoje como milho.
O milho rapidamente se espalhou pelas Américas e se tornou uma cultura fundamental para as civilizações indígenas. Ele desempenhou um papel central na dieta, economia e cultura dessas sociedades, sendo cultivado para consumo humano, alimentação animal e até mesmo para uso em cerimônias religiosas.
Com a chegada dos europeus ao continente americano, o milho foi introduzido na Europa e, posteriormente, em várias partes do mundo. Sua adaptabilidade a diferentes climas e solos, juntamente com seu alto valor nutricional, contribuiu para sua rápida disseminação e adoção generalizada.
No Brasil, o milho desempenha um papel de destaque na agricultura e na cultura popular. O país é um dos maiores produtores de milho do mundo, com grandes áreas cultivadas em estados como Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. A produção de milho é dividida principalmente entre o milho destinado à alimentação humana e o milho destinado à alimentação animal, como a produção de ração para aves, suínos e bovinos.
A maior parte da produção de grãos no Brasil é representada pelo milho e pela soja, onde essa representação equivale a cerca de 80%. Na safra de 2019/2020, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), relatou uma produção de 100 milhões de toneladas no Brasil, além de uma exportação em 2020 de cerca de 38 milhões de toneladas de milho (equivalente a 19,8% das exportações totais). A expectativa é de uma produção de 125,5 milhões de toneladas na safra de 2022/23.
Além disso, o milho também é utilizado na produção de etanol, sendo uma importante matéria-prima para a indústria de biocombustíveis no Brasil. O etanol de milho tem se tornado cada vez mais relevante, principalmente na região Centro-Oeste do país, onde há uma concentração significativa de usinas de produção de etanol. De acordo com a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a produção de etanol passou de 791,42 milhões de litros na safra 2018/19 para 1.693,3 milhões de litros em 2019/20. Existem estimativas que o consumo de milho para etanol pode chegar a 30 milhões de toneladas na próxima década.
No entanto, além de sua importância econômica, o milho também possui um lugar especial na cultura brasileira, especialmente durante as festas juninas. A festa junina é uma tradição popular que ocorre durante o mês de junho, celebrando principalmente os santos católicos São João, São Pedro e Santo Antônio.
Durante as festas juninas, o milho é um ingrediente fundamental em várias comidas típicas. Uma das preparações mais tradicionais é a pamonha, feita a partir de massa de milho cozida envolta em folhas de milho verde. Além disso, a canjica, o curau e a pipoca também são muito apreciados durante essa época do ano.
As espigas de milho também são utilizadas como decoração nas festas juninas, penduradas nas barracas e em outras áreas festivas. Algumas tradições incluem ainda a brincadeira de “pescar” espigas de milho em tanques d’água e a famosa fogueira de São João, em que as espigas de milho são utilizadas como combustível para manter o fogo aceso.
A festa junina, com toda a sua culinária e tradições envolvendo o milho, representa um momento de celebração da cultura brasileira, repleta de cores, sabores e alegria. É uma oportunidade para as pessoas se reunirem, dançarem quadrilha, vestirem trajes típicos e desfrutarem das delícias juninas, com o milho como protagonista.
Além das festas juninas, o milho também está presente em diversas outras preparações culinárias ao longo do ano. Ele é utilizado na fabricação de produtos como farinha de milho, fubá, canjica, milho enlatado, entre outros. Suas aplicações gastronômicas são variadas, desde acompanhamentos como a polenta, até sobremesas como bolos e pudins.
O milho também é valorizado pela sua versatilidade como ingrediente industrial. Ele é utilizado na produção de amido de milho e também em diversas indústrias, incluindo alimentos, papel, têxteis e cosméticos. O óleo de milho, obtido a partir dos grãos, é amplamente utilizado na culinária e na indústria de alimentos, bem como na produção de biocombustíveis.
Além disso, pode ser utilizado de diversas formas, sendo uma matéria prima importante para economia. A sua utilização vai desde a alimentação animal, com uma representação de 70% nesta forma de uso em todo o mundo, até a indústria de alta tecnologia. Especificamente, no Brasil, este uso varia de 60% a 80%.
O milho também é uma fonte importante de nutrientes, contendo carboidratos, proteínas, fibras, vitaminas e minerais essenciais, tornando-se uma opção saudável para a alimentação humana e animal.
No entanto, apesar de todas as suas vantagens, a produção de milho enfrenta desafios e questões ambientais. O seu cultivo extensivo pode levar à degradação do solo e ao uso excessivo de pesticidas e fertilizantes. Além disso, a monocultura de milho pode contribuir para a perda de biodiversidade e a destruição de habitats naturais.
Nesse sentido, é importante promover práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas, o uso eficiente de recursos e o incentivo à agricultura familiar. E, ainda, pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias podem contribuir para a melhoria da produtividade e a redução dos impactos ambientais associados à produção de milho.
Em conclusão, a história do milho é longa e cheia de significado. Desde sua domesticação pelos povos indígenas até sua atual produção em larga escala no Brasil, o milho desempenha um papel importante na agricultura, economia e cultura. Sua aplicação nas festas juninas é apenas um exemplo da diversidade de usos e tradições associadas a essa cultura popular. Ao mesmo tempo, é necessário buscar práticas sustentáveis para garantir a produção contínua de milho, preservando os recursos naturais e promovendo uma agricultura equilibrada.
Referências:
1. Galinat WC. The origin of maize. Annu Rev Genet. 1971;5:447-78. doi: 10.1146/annurev.ge.05.120171.002311. PMID: 16097663.
2. Galinat WC. Evolution of corn. Advances in Agronomy. 1992.
https://ift.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/1541-4337.12192
4. Corn | History, Cultivation, Uses, & Description
8. Brasil é destaque mundial na produção de milho
9. Importância Socioeconômica – Portal Embrapa
10. https://www.al.ma.leg.br/noticias/43879#:~:text=O milho se consolidou como,longo de todo o ano.