A pílula anticoncepcional é um medicamento de uso diário contendo dois hormônios, estrogênio e progesterona, e tem por objetivo evitar a gravidez. Esse método contraceptivo é comumente utilizado e, muitas vezes, tem seu início ainda na adolescência. Alguns estudos indicam que o uso dos contraceptivos orais está associado a diminuição da reserva de vários nutrientes, por isso, é necessário atenção a possíveis deficiências nutricionais:
Dentre os nutrientes que podem ser afetados com o uso das pílulas anticoncepcionais estão os seguintes:
·Vitamina B9/folato:
O uso de anticoncepcional causa prejuízos no metabolismo do folato, o que gera impacto negativo em seu status plasmático. A deficiência desse micronutriente resulta em redução da síntese de DNA e divisão celular.
Além disso, o folato é muito importante durante a fase inicial da embriogênese. As consequências da deficiência de folato nesse período são muito sérias e impactam, principalmente, na formação do tubo neural, ou seja, relaciona-se com a formação da coluna vertebral, medula e cérebro. Por esse motivo, é necessário atenção redobrada com mulheres que desejam engravidar e que passaram longos períodos fazendo uso de medicamentos anticoncepcionais. No geral, estudos demonstraram que os níveis de folato retornam aos níveis de base após a interrupção por 3 meses do uso de anticoncepcionais.
O folato está presente em alimentos como vegetais verde escuro (espinafre, rúcula etc) e cereais integrais.
·Riboflavina ou vitamina B2:
Foi relatado que o uso de anticoncepcional oral aumenta a prevalência da deficiência de riboflavina. Por isso, é indicado a avaliar a necessidade de suplementação desse micronutriente.
·Vitamina B6:
A diminuição dos níveis de vitamina B6 pode ocorrer em consequência do uso de anticoncepcionais orais. A deficiência dessa vitamina pode aumentar os riscos de complicações na gravidez, além da associação com trombose arterial e venosa.
·Vitamina B12:
Estudos mostraram que os níveis séricos médios dessa vitamina são baixos em mulheres que fazem uso de anticoncepcionais orais. Essa vitamina está envolvida na síntese e regulação do DNA, produção de energia, e atua diretamente sob o sistema nervoso.
Portanto, os níveis plasmáticos de vitamina B12 precisam ser monitorados, a ingestão otimizada e a suplementação realizada (quando necessária).
· Vitamina C:
Os níveis de vitamina C em plaquetas e leucócitos são reduzidos pelo uso de contraceptivos orais. Porém, alguns autores relataram que, com uma ingestão dietética adequada de ácido ascórbico, o status de vitamina C é preservado. A vitamina C é facilmente encontrada em alimentos como as frutas cítricas e vegetais folhosos.
·Vitamina E:
Os anticoncepcionais também afetam o status de vitamina E. Por isso, a presença de alimentos fontes desse micronutriente, como vegetais de folhas verdes, azeite de oliva, abacate e sementes, se mostra importante.
·Zinco:
Níveis plasmáticos mais baixos desse mineral foram encontrados em mulheres que utilizavam anticoncepcionais orais em comparação com mulheres que não utilizavam. Utilizar alimentos fonte de zinco, como as carnes, leguminosas e nuts (oleaginosas, como as castanhas), é importante. A suplementação também deve ser considerada, se houver deficiência.
·Selênio:
A absorção de selênio sofre interferência durante o uso de anticoncepcionais. Por isso, é importante otimizar a ingestão, por exemplo, com castanha do Brasil.
·Magnésio:
Os níveis séricos de magnésio são reduzidos durante o uso de medicamentos anticoncepcionais. Nesse sentido, a necessidade da suplementação deve ser considerada e analisada. Além disso, a inserção de alimentos fontes na dieta pode ser uma boa opção, como banana, espinafre, quiabo, couve, nuts/oleaginosas, abacate e feijões.
Referências:
Palmery M, Saraceno A, Vaiarelli A, Carlomagno G. Oral contraceptives and changes in nutritional requirements. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2013 Jul;17(13):1804-13. PMID: 23852908.
Basciani S, Porcaro G. Counteracting side effects of combined oral contraceptives through the administration of specific micronutrients. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2022 Jul;26(13):4846-4862. doi: 10.26355/eurrev_202207_29210. PMID: 35856377.