A importância da Nutrição no tratamento da SOP e endometriose

Qual é a relação da nutrição no tratamento da SOP e endometriose?

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é o distúrbio endócrino mais comum em mulheres em idade reprodutiva, afetando o funcionamento dos sistemas reprodutivo, hormonal e metabólico. A etiologia da SOP não está completamente esclarecida, mas esta condição pode estar relacionada com a interação entre fatores genéticos e ambientais.

O tratamento de primeira linha, de acordo com as Diretrizes de 2018 da American Society for Reproductive Medicine, é por meio do ajuste do estilo de vida, que inclui intervenções dietéticas e exercícios físicos.

Então, trouxemos 3 estratégias nutricionais que podem ser adotadas para as pacientes com SOP:

1) Mudança no estilo de vida:

É recomendada uma dieta mais low carb, contendo alimentos com baixa carga glicêmica, baixo teor de gorduras saturadas e rica em fibras. Para mulheres com sobrepeso e obesidade, a perda de peso deve ser estimulada, essas estratégias contribuem para melhora da resistência à insulina e o hiperandrogenismo das mulheres com SOP.

A combinação da intervenção dietética com a prática de exercícios físicos também é fundamental para a perda de peso, redução de fatores de risco e melhora significativa da regularidade do ciclo menstrual.

2) Micronutrientes:

  • Vitamina D: Apresenta papéis em várias vias metabólicas e a deficiência desse micronutriente pode afetar a resistência à insulina e SOP. Maiores níveis de vitamina D foram associados a menor desenvolvimento da resistência à insulina.
  • Magnésio: Deficiência impacta o metabolismo da glicose.
  • Cromo: Suplementação com cromo pode exercer efeitos positivos na redução do IMC, insulina em jejum e testosterona livre das pacientes com SOP.
  • Coezima Q10 e vitamina E: Contribuem para melhora do perfil lipídico e saúde cardiovascular.
  • Mio-iositol: Diminui os sintomas de hiperandrogenismo, auxilia na regularização do ciclo menstrual e fertilidade.

3) Crononutrição:

Para mulheres acometidas pela SOP, realizar refeições com maior quantidade de calorias no período da noite têm impacto negativo na resistência à insulina e hormônios androgênicos.

Um estudo avaliou a ingestão da mesma quantidade calórica em mulheres com SOP, a diferença é que um grupo consumiu a refeição com mais calorias no café da manhã e o outro no jantar. O simples fato de trocar a ordem das refeições melhorou o HOMA-IR, insulina, glicose e frequência de ovulação nas mulheres com maior ingestão calórica no período da manhã.

Além da SOP, outra doença ginecológica que acomete de 6 a 10% de mulheres em idade reprodutiva é a endometriose.

A endometriose é caracterizada pela presença de endométrio fora da cavidade uterina. Desencadeia sintomas como dor associada à menstruação e relação sexual, desconforto ao urinar e infertilidade. Mulheres com endometriose apresentam aumento do estresse oxidativo na cavidade peritoneal e no sangue, o que está associado a processos inflamatórios crônicos.

A etiologia não é totalmente esclarecida, mas diversos estudos sugerem que a dieta é um fator de risco potencial para o desenvolvimento dessa condição, mas é possível de ser modificada.

Com base em diversos estudos, sugere-se que o aumento do consumo de vegetais, frutas, ácidos graxos ômega 3, laticínios com menor teor de gordura e vitamina D podem influenciar em menor risco de desenvolvimento da endometriose.

Por outro lado, o consumo excessivo de carne vermelha, embutidos, gorduras saturadas e o consumo de álcool podem aumentar as chances do aparecimento da doença.

Ademais, a ingestão de vitaminas e minerais antioxidantes (vitamina E, vitamina C, zinco e selênio) apresentam papel importante na prevenção e no alívio dos sintomas causados pela endometriose. Isso porque, influenciam na diminuição dos níveis de marcadores inflamatórios e redução do estresse oxidativo causado pelos processos inflamatórios da endometriose.

Referências:

1) Zhang, Xiaoshuai, et al. “The effect of low carbohydrate diet on polycystic ovary syndrome: a meta-analysis of randomized controlled trials.” International Journal of Endocrinology 2019 (2019).

2) Abdolahian, Somayeh, et al. “Effect of lifestyle modifications on anthropometric, clinical, and biochemical parameters in adolescent girls with polycystic ovary syndrome: a systematic review and meta-analysis.” BMC Endocrine Disorders 20 (2020): 1-17.

3) Z. Faghfoori, et al., Nutritional management in women with polycystic ovary syndrome: A review study, Diab Met Syndr: Clin Res Rev (2017).

4) Huijs, Emma, and A. W. Nap. “The effects of nutrients on symptoms in women with endometriosis: a systematic review.” Reproductive BioMedicine Online (2020).

5) Moore, Judith S., et al. “Endometriosis in patients with irritable bowel syndrome: specific symptomatic and demographic profile, and response to the low FODMAP diet.”

6) Australian and New Zealand Journal of Obstetrics and Gynaecology 57.2 (2017): 201-205.

7) Santanam, Nalini, et al. “Antioxidant supplementation reduces endometriosis-related pelvic pain in humans.” Translational Research 161.3 (2013): 189-195.

8) Jurkiewicz-Przondziono, Joanna, et al. “Influence of diet on the risk of developing endometriosis.” Ginekologia polska 88.2 (2017): 96-102.

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