Saúde, alimentação, exercício físico e qualidade de vida

Saúde

Cada vez mais, nota-se um número crescente global de pessoas com sobrepeso e obesidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sobrepeso e a obesidade podem ser definidos como um acúmulo de gordura anormal ou excessivo que representa um risco para a saúde. Através de um estudo realizado, foi possível constatar que adultos jovens que possuem obesidade, estão com um risco aumentado de desenvolver problemas de saúde, principalmente doenças cardiovasculares.

Com isso, é possível observar também um crescimento expressivo de preocupação das pessoas com a saúde, por meio de mudanças de estilo de vida, demonstrando um interesse em uma rotina alimentar mais saudável e, na prática de exercícios físicos.

Em um estilo de vida mais saudável, deverá ser incluída a prática de exercícios físicos de uma maneira regular, podendo ocasionar aos indivíduos, a prevenção de doenças cardiovasculares, hipertensão, osteoporose e diabetes, já que o exercício é capaz de provocar uma melhora do perfil lipídico.

De maneira característica, os níveis lipídicos séricos, como colesterol total, HDL, LDL e níveis de triglicerídeos são singularmente elevados em um indivíduo que se encontra em um estado de obesidade, com isso aumentando o risco desta pessoa desenvolver uma doença cardiovascular.

As lipoproteínas de alta densidade (HDL) englobam aproximadamente 25 a 30% das proteínas circulantes que estão envolvidas no transporte de lipídios na circulação. O nível de colesterol HDL irá sofrer variações durante toda a nossa vida. Na literatura, há um estudo demonstrando que um estilo de vida sedentário está ligado a baixos níveis de colesterol HDL. Altos níveis de triglicerídeos, resistência à insulina e obesidade abdominal, também estão associados aos baixos níveis de HDL.

Outro risco para a saúde que pode ser destacado são as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são de etiologia multifatorial e possuem diversos fatores de riscos modificáveis como, por exemplo, a inatividade física, a alimentação de forma inadequada, a obesidade e o tabagismo. De acordo com dados da OMS, houve um período em que as doenças crônicas não transmissíveis, vinham em um crescente entre o público jovem, acarretando graves impactos pessoais.

Exercício físico e a alimentação são dois comportamentos de extrema importância para a prevenção dessas doenças e para a promoção da saúde. Com bases em uma pesquisa realizada, cerca de 75% de novos casos dessas doenças ocorridas em países desenvolvidos na década de 80, poderiam ser explicados por falta de alimentação adequada, por falta de atividade física regular e por níveis lipídicos não favoráveis.

O exercício físico, quando praticado de forma regular, tem sido indicado como uma estratégia não farmacológica de muita importância, de baixo custo e de um acesso facilitado para a prevenção e tratamento de algumas dislipidemias.

De acordo com alguns dados epidemiológicos obtidos, a prática de atividade física quando parte constituinte das atividades de lazer, apresentou de forma clara os benefícios gerados através de sua prática, auxiliando na prevenção da doença coronariana e também na diminuição da mortalidade por todas as causas.

A prática de exercícios habituais é benéfica para a saúde, ocasionando um aumento do catabolismo lipídico e a queima de calorias do corpo, gerando por consequência a diminuição da gordura corporal, aumento da massa muscular, aumento da força muscular, fortalecimento do tecido conjuntivo, aumento do volume sistólico, diminuição da frequência cardíaca em repouso e também auxilia a melhorar o funcionamento orgânico de uma forma geral, proporcionando assim uma aptidão física para uma boa qualidade de vida.

A Federação Internacional de Medicina do Esporte recomenda que todas as pessoas se dediquem a praticar exercícios aeróbicos de uma maneira regular, com três a cinco sessões semanais, cada uma com duração de trinta a sessenta minutos por dia.

Exercícios aeróbicos como corrida, caminhada e andar de bicicleta, são indicados para adultos jovens obesos, a fim de melhorar a aptidão cardiovascular, composição corporal, consumo máximo de oxigênio e massa muscular esquelética.

Algumas evidências, apontam que a caminhada é a atividade que possui uma melhor aceitação da população e fornece diversos benefícios para a saúde. Uma revisão sistemática apontou que pacientes com doenças crônicas após uma caminhada nórdica obtiveram uma melhora significativa em relação à frequência cardíaca em repouso, o VO2 Máx, a pressão arterial e a qualidade de vida.

A prática de exercícios físicos, associada com uma boa alimentação, também ocasiona benefícios explícitos para os idosos como, por exemplo, a melhora de algumas doenças cardiovasculares. Sabe-se que os idosos possuem um risco elevado para a desnutrição, por diversos fatores fisiológicos e/ou psicológicos, gerando assim uma complicação para a saúde e também uma diminuição na qualidade de vida.

Uma revisão sistemática resumindo pesquisas que avaliam o efeito da atividade física e suplementação dietética na sarcopenia, que é uma doença que geralmente ocorre nos idosos, foi publicado recentemente. Os resultados apontaram que a grande parte dos ensaios de exercícios mostrou uma certa melhora na força muscular e no desempenho físico, com a atividade física. O exercício ajuda na melhora da massa muscular, força e função, por isso pode obter um papel protetor e benéfico contra a sarcopenia. Além disso, o exercício pode auxiliar no combate a disfunção muscular, bem como os danos neuromusculares causados naturalmente pelo envelhecimento.

A alimentação saudável, desenvolve um papel de extrema importância na saúde geral de todos os indivíduos, especialmente em idosos. Uma dieta feita de maneira equilibrada desempenha um ótimo papel na saúde óssea, fornecendo energia, vitaminas, minerais e macronutrientes. No entanto, os idosos consomem menos energia e proteínas quando comparadas as pessoas mais jovens, embora suas necessidades nutricionais sejam maiores. Tanto o consumo inadequado de nutrientes quanto a falta de atividade física, acarretam problemas a saúde e uma diminuição na qualidade de vida do indivíduo.

Em conclusão, o exercício físico quando praticado de forma regular e associado a uma boa alimentação pode contribuir para a melhora da saúde, permitindo aos indivíduos uma qualidade de vida melhor, mais produtiva e mais agradável. Contribuindo também para uma melhora em relação às doenças crônicas não transmissíveis e para as doenças cardiovasculares, ocasionando em uma diminuição das taxas de mortalidade e morbidade, geradas através dessas doenças. Portanto, a boa saúde e qualidade de vida, complementam-se.

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